sábado, 29 de março de 2008

Uma mulher chamada Noite

Lá vem a noite com seu salto alto e vestido escuro longo arrastando tudo pra debaixo do tapete.
Ela vem irônica, querendo me assustar de novo...zomba de mim..dos meus lábios frouxos...da minha palidez e do meu sexo expectante em vão...
Os seus passos são lentos e mórbidos...seus ornamentos são sombras...meus olhos buscam rápidos os lampejos, querendo reter um pouco da luz.. Meu olhar perdido encontra na escuridão o vazio, a ausênica de vida, de som, de calor...Teria a noite trazido esse vazio escuro para iludir-me, para abrandar-me, para aliar-se a mim, fazendo compahia...Deixo-me ficar quieta e entrego-me a essa escuridão, fechando ainda mais os meus olhos...Torno-me una com esse silêncio e a noite se desnuda em presença...possui a mim em seus braços de noite...E eu temo como uma virgem indefesa...Não me entrego...Resisto...E ela me viola ainda mais...Penetra nos meus sentidos...Me desnorteando...Não sei quando cedo..se cedo..É tarde, já o dia amanhece e a Noite foge sorrateira...

sábado, 8 de março de 2008

Sono Arrependido

Todas as noites ela dormia o sono arrependido...Seu travesseiro era cheio das penas que ela chorava...Nele guardava o sal de suas lágrimas...O mar a sete chaves...Quando fechava os olhos abriam-se milhares de portas que lhe traziam possibilidades e a cores de sua vida iam adentrando por todas as portas,criando historias com as pessoas que ela amava , cada historia tinha um desenrolar suave ...Tudo com um desfecho feliz e pleno...A noite era temível porque trazia a fuga ..O deslizar que garantia mais algumas horas de cristalinas gargalhadas, mas também..O retorno sorrateiro para a cama a enchia de um peso na consciência...Não queria magoar quem tanto amava...Para abrandar sua culpa, fazia historias na sua cabeça...Tudo era fácil e esse pensar a levava pra longe o que findava por secar suas lágrimas...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Filha Flora

Não atravesso a vida
Fecharam o sinal
Embora atenta à mudanças
Dificilmente verei o verde dos campos e florestas

A virgindade da mata fora arrancada pelas mãos
Da humanidade cega
Destruindo a Filha Flora
Provocando um fogo funesto
Resultando em violencia e incesto
E o homem indiferente ao universo nega

Num impulso incontido o verde fora destruído
Em seu lugar o vermelho fogo
Sangue no coração no ar o pranto...
De um pássaro ferido

Não atravesso a vida porque já não há sinal no tempo
Fui atropelada estando estática
Pelas cinzas em movimento
De uma história que não mudou minha sina
E se esvaneceu no vento

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Retorno à cidade do Não


Estou retornando á cidade...
Estou feliz, espero que a encontre em festa...
Será um momento mágico, talvez possa mastigar bolhinhas de sabão num beijo de mentirinha, e entregar a ele em bandeja meu segredo...Decerto o guardião da cidade, com todas as chaves que abrem portas, não compreenderá tamanha volúpia, mas beberá meu segredo grato...Será meu passando brincando de futuro no meu presente, neste flagrado momento esse retorno me convêm mesmo, não há como retroceder, todo meu ser quer e grita por isso, antes não...pelo comodismo uma parte cogitava por que..mas não resisti já que não encontrei resposta e cedi...Livro-me da angustiante expectativa em torno do meu amor, que pondera, que me distancia,que é tudo e não me quer...

Pôr não querer também...não querer?? agora rio disso, por não querer me aventurar na "investida" de tão bela paisagem, pelo medo da altura, e para resguardar-me de qualquer dor , deixo-me levar pela mão que me acaricia o ventre,que me beija de leve, num roçar simbólico de uma posse mansa...A terra revolve-se abrigando uma semente que se "quizéssemos" floresceria...Reporto-me de novo ao "não querer"...Reporto-me ao "não", essa pequena palavra de grandes ações e de maiores omissões...Dela advêm o AMOR, a indiferença, a plenitude...o prenúncio de um sim...e a solidão.

Estrada do Equívoco


O sono bate à porta, deixo-o entrar afinal já é tão tarde mesmo.

Cochilo num piscar e abrir de olhos...até que desperto de vez com aquela sensação de que não vou conseguir dormir mesmo...Pesam os olhos, a mente recusa a coerência, tento me acalmar, tudo parece sem sentido, a solidão me sacode, enquanto minha boca guarda o sabor de açaí, tudo é tão estranho..lembro da minha lua de mel, antecipada e equívoca, quando ainda menina me entreguei sem pensar, quase sem querer..inicio de outros equívocos, embaraçando-se meus caminhos...

Profecia de cigana...

Quero pensar em coisas alegres e penso nos pés de siriguela, onde nos troncos eu escrevera as iniciais do nome do meu amado enlaçadas às minhas próprias...
Corro meu pensamento e me vejo com a mão estendida à cigana, ouvindo atenta sua profecia, ela me embalou no balanço...e nesse ir e vir...me dei conta que transcorreram-se os anos, foi quando me perdi daquele amado...fazendo-se cumprir meu destino não previsto naquele momento...e tal qual um quadro , emoldurei aquela tarde na parede , penso que isso também não é alegre e me despeço desse pensamento.

Uma boca...Tua boca



Saudade de uma boca...

De uma boca que fala...

De uma boca que ri...

De uma boca..de todas as bocas, da tua boca , saudade da boca que cala...

Da boca que beija, beija, beija...

Saudade da boca, da porra da louca da boca que eu beijei...

Passeio Público



Apenas uma mini saia, tão branca que resplandecia e tornava a pele ainda mais escura,o rosto rubro não de vergonha...os olhos se voltavam todos e não compreendiam,mas eu presa naquela minúscula saia tudo compreendia, tudo... era chegado o dia de minha libertação,não seria apenas uma "romeirinha", ia à desforra...alguem talvez me incomodasse, mas eu abstraíra-me...Ele, o própio chegou manso com passos largos, aquele andar que é a sua cara...E no Passeio nós fizemos nossos passos se acertarem numa direção contrária..eu fui feliz e ele ficou triste...bem feito!! mas num foi por querer, foi por querer demais e por isso não mais queria...Eu num sabia que QUERER tanto nos levaria inevitavelmente a um NÃO QUERER ...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Espirro prenúncio do Orgasmo


Encontro-me débil...não fisicamente, porque já acostumei meu corpo a receber seu castigo...Encontro-me débil das idéias, estas explodem numa coerência abstrata...Tenciono ser apenas as emoções bem vindas e em algumas dessas idas e vindas, quem sabe possa descobrir o que sinto.Descubro portanto, através da minha rinite alérgica, que espirrar, que era algo tão temível (risos),pode significar algo bom...Não entendia por que o espirro me incomodava.Hoje entendo tão bem, como se fora possível mastigar essa verdade, degustá-la com maior precisão.O espirro é um prazer, aqui não me detenho a explicá-lo física e biologicamente,mas o espirro me leva por um caminho, este, que já descobri e conheço bem, o que me faz pressupor ser o espirro um prenúncio de um orgasmo, haverá sem dúvida semelhança entre o que ocorre na hora do espirro e a turbulência de emoções que culmina com o orgasmo...Falta-me o conhecimento científico e biológico dessa constatação...

Insônia..

...é uma amiga que me visita na madrugada e me fala de saudade...

Amo as Madrugadas...


Amo as madrugadas
Elas me trazem você exausto
Abraço-lhe com meu corpo desperto e quente
Nele você descansa
Nasce o dia...
Chega o sol...
Você se vai...
Outro corpo a lhe esperar
Quente e indolente
Você se deixa ficar
Nele você adormece, sonha, desperta...
Nova madrugada surge
Nos teus braços ela me encontra
O sol chega e desencanta
Novamente você se vai...
Eu lamento, fico só, sinto saudades...
Outras madrugadas virão
Outras noites sem dormir a lhe esperar
O mesmo corpo a lhe abraçar
A mesma esperança renascer
Que um dia o sol chegue de repente
Nos pegue dormindo mansamente...
Eu, sonhando com você dormindo...
Você, dormindo na madrugada dos meus sonhos

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Pé e Pão


Alguma coisa arde nos meus pés...serão meus passos...serão as dores ,serão ardores?...alguma coisa arde na planta dos pés..serão as plantas, serão as ervas serão os danos...serão as árvores?? Alguma coisa sob meus pés me faz sentir ...dor,me faz dar passos, me faz passar...me torna planta..me encanta me deixa perplexa..eu viro árvore eu sou a erva daninha..que se danem as dores...eu sou o ardor..o amor...e eu não sou...meu pé!!Essa é pra passar manteiga tá quentinha ainda...nos primordios do nascedouro..queria ser um poeta...

Homem: O Objeto do amor


Minha realidade é bem rica agora, em impressões em inspirações, e percebo que isso é resultado de algo que falta, penso que talvez o Amor, ou o Objeto, já que o amor só precisa de alguém, qualquer que seja, para justificá-lo, enquanto eu não preciso...(?)Decerto não estou sendo sincera, porque a mentira convém, ela me protege dessa constatação que me torna vulnerável , já que a verdade sai minguando a minha auto-estima, sendo portanto a vilã da história.Penso no filho que gostaria de ter mais uma vez, na carinha que ele possivelmente teria, e o vejo em meu regaço, enchendo-me de amor e de uma ternura confortante.Como caminhar pra isso, se todas as portas se fecham, e uns olhos que me perscrutam me observam sorrateiramente, olhos incrédulos, de quem sabe que o tempo não pára e com uma língua de volúpia nos rouba o viço, o sonho?Às vezes mergulho no provável,quando penso que poderia lançar mão de um arsenal de ferramentas precisas, mas isso requereria muito sacrifício, não sei se conseguiria, mesmo reunindo aquilo que eu sei poderia servir-me na empreitada, nesse momento rio a mais não poder,como ouso meu Deus?mas mesmo assim não desisto e continuo até onde o pensamento permite...

Minha meia abóbora

A abóbora sai de dentro da minha bota lembrando que eu não sou mais Cinderela, enquanto um príncipe roça sua coxa na minha.Levo o pensamento para bem longe dali e quase esqueço do ponto onde deveria descer.Salto do ônibus saudosa daquele olhar “melado”, olho de gato que num instante me fitou, sem ver a mim...Lembro da maçã de um dia e sorrio com saudade também, tudo é tão longe, mas o pensamento é veloz e traz toda lembrança embrulhada num papel brilhante...As pedrinhas que imitavam bombons, e as carteiras de cigarros a imitar os “cruzeiros”, viajo num transatlântico, já que o passado é um continente que me permite o requinte.Descubro-me possuidora dos pincéis, aqueles, os quais refiro-me tantas vezes e saio colorindo tudo numa credibilidade ingênua, já que nesse momento sou de novo a criança.

Lembrança de um Cantor


Uma voz grave, forte,me desperta...É uma voz que me aconchega e eu chego junto no abraço porque seus braços também são fortes, e me apertam com uma pressão suave, mas constante, sinto que serei dele, de algum modo...E vem um tremor que percorre minha espinha e eu me arrepio toda,Nossa!! é o vento que vem do ventilador forte e sopra meu corpo seminu, a madrugada minha amiga mais fiel,me enleva,num elogio "eloqüente"...és mulher!! és uma mulher que sobra,sobra? pergunto eu?? Sim, uma mulher que sobra, que sabe ser mulher e se extrapola , és mulher!!!Hummm, sei não, mas mesmo assim quero ser essa mulher que sobra , se esparrama e é amada ao ponto de reduzir-se, pronto, reduzir-se, talvez seja isso que busque no plano físico,emocional, tornar-me tão pequena, tão minúscula que eu mesma, seja Ele, parte dele, que Ele me tenha e que Eu por uns segundos, minutos ou para sempre, nada seja, exceto um gozo, um fiapo, um fim...Mas que eu retorne no ciclo do que é eterno, que Eu e Ele seja o Amor.

Banho


Tomei banho e ao me desnudar arranquei meu coração prateado e amassado e o preguei no também frio azulejo do banheiro, num queria esquecê-lo ali, mas era necessário...O sabonete cheirava a flor, mas não era branco como é de minha preferência, mas não importava o cheiro exalava e eu estava sem coração, e só isso me bastava.Contento-me com tão pouco, pondero agora, mas não é bem assim...Na verdade não contento-me com o pouco, apenas me prendo a superficialidade,deixo que os momentos passem e naquele momento ali escrevi minha história, mesmo simples ou complexa, ela transcorreu como aquela mesma água que me banhou e desceu pelo ralo do banheiro...Se alguma coisa ficou?? algumas gotículas no coração prata, mas este já não se encontra no azulejo, e como gosto de dizer, meu coração está debaixo de uma cuia, e um batuqueiro de talento tenta reanimá-lo como se fora um passarinho, frágil e trêmulo, mas ainda vivo...

Bem Querer bem...


Não importa se não há jogo, já antevejo minha carta na mão para um desfecho e a menina que abrigo ser expulsa no descarte, afinal nessa hora a gente cresce por bem por mal...De novo o antagonismo que norteia o meu viver, minhas margaridas,meu bem, meu mal, ainda não sei, mas meu coração ficou ali pregado no azulejo, ele é de prata e amassado e na mão de um destino qualquer de um menino travesso talvez ou de um amor leviano com boca desdenhosa, possa figurar no céu em outra forma, de lua talvez...Mas apenas se a sorte tiver na mão do artesão, enquanto isso um jogo que não pára uma margarida é desnuda num bem me quer mal me quer intermitente...

Cidades Alheias


Encontro-me diante da mesa, e uma voz diz que mordo, e eu rio, porque não de Janeiro a Dezembro...Mas na verdade eu estou assoprando, porque me apraz ser remédio, ser cura de mal de amor, mas na secura de um bem, atropelo-me estabanadamente e erro de endereço batendo desesperada em portas alheias.

Mal me quis


Eu estou aqui sentindo um frio enorme que vem de dentro ...Um inverno fora de época.Quase acreditei que fosse tempo de margaridas, me animei e até colhi algumas com essa esperança, mas boba, atônita e infeliz, fui brincar de bem-me-quer, mal-me-quer...por que? despetalei minhas flores ...

Sorriso Ouro


Nessa foto eu sorrio, num importa que não esteja bonita, não que eu seja...Mas importa que eu traduza a alegria como um produto que se transforma na minha fábrica, que passara por tanta alteração de layout , o riso é arte final cujo esboço começa tão intrinsecamente que creio, ser possuidora de um maquinário de ultima geração...é um diamante bruto sem dúvida...que se esculpi extraordinariamente, numa reciclagem perfeita da qual a matéria prima é a dor, desamor e solidão...Por isso meu riso é lindo...é diamante não raro, porque possuo toda riqueza do mundo...

Gosto de Baunilha


Um calor sufocante deixa meu corpo indolente...Não quero nada e essa ausência também me parece estranha. Um pensamento rápido e fugidio: quantas pessoas estariam assim, nessa noite a ansiar por um pouco de frescor de leve brisa? Não “matuto” pela resposta...Matutar, no sentido de quebrar a cabeça pensando...Não matuto...Engraçado isso.Os cabelos soltos pregam nas costas nuas...O sabor de baunilha solta um cheiro no ar impregnando o céu de uma boca ansiosa...Nem a frieza de um sorvete, sorvido com uma calma ensaiada me traz de volta a essa noite quente e cálida, embora refresque minhas entranhas tão inusitadas...Estou num galope, levada por caminhos que não prendem minha atenção, ausência total de pensamentos, ou vários pensamentos que passam sem que eu retenha algum, algo concreto, é a súbita consciência de que estou muito distante daqui, mas não estou em lugar algum, talvez esteja diante de uma prateleira de pensamentos esmeradamente empilhados...Gostaria de pensar, de poder escolher meu pensamento...Que eu pudesse retirar da prateleira, esmeradamente arrumada, aquele pensamento ali, aquela emoção acolá...Mas não é assim...Continuo no galope e não quero parar, talvez porque não queira, talvez porque fuja...Poderia fechar os olhos e reter aquela imagem, que há muito tempo se foi...Não sei se foi ela a imagem que se fora, ou se eu fugira para preservar minha paz, paz insípida...Já que não sossegou meu coração, e ao contrário da baunilha que está no ar e na boca impregnados, resulta insólita.Se eu pudesse pensar, ou quisesse, pensaria que meu coração estaria também de frente a um empilhado de emoções, não tão arrumado, posto que neste sentido não há controle, o que sugere um caos absoluto..., mas tal qual a mim, encontra-se vencido, mente e coração vencidos...

Vinho


Este é meu homem, mas ele não sabe disso, é um menino e brinca maroto de ser gente grande...Procurei-o em todos os homens, e eis que surge , nada pedindo, e apenas sendo, já conseguiu me tirar do torpor abandono de mim mesma.Ele não está na minha vida nem poderia, senão não seria o meu homem, para ser este, precisa SER LIVRE...A liberdade deve ser brindada com uma taça de bom vinho...Que atordoa e liberta os anjos, estes voam e são absolutos, os homens-anjo amam.O menino que se prende ao seio sugando o alimento doce: A vida.Eu prefiro os anjos...Estes quando olham falam do profundo, de âmago, de desejo de tudo e de nada, do simples...Porque minha alma os traduz.

Estranho


Neste momento ele esquece do beijo que levou consigo. Isto é tão esperado quanto necessário, não somos o que queremos, se queremos fingimos não poder, e quando podemos talvez finjamos não querer, esta é uma certeza calma.Assola a minha alma uma consciência da complexidade da existência, não somos como água de um riacho, com pedrinhas expostas na sua transparência, somos o que está abaixo provavelmente, já que colocamos à margem a ostensiva e gasta bandeira da conveniência, quando somos sintonizados com o mundo externo, tanto mais fácil para nós ostentar esta "defesa", mas se resolvemos ser nós mesmos com certeza aflorará o "estranho"...

O Espelho

Aqui estou de volta...As palavras dele vagueiam dentro da minha cabeça, percorre o mesmo caminho, sinuoso e difuso. Indago como chegamos aqui, e encontro o eco da resposta com a mesma indagação.Deixo de lado tudo, o porão vai se amontoando de idéias e de pendências...Já não me importo.Compreendo tudo, mas ainda assim finjo-me de "qualquer coisa" que o leve para longe de mim, da minha verdade, para que não perceba o que eu sei, na verdade sinto.Não somos o que pensamos ser, mas o que o OUTRO vê através de nós...Injusto sem dúvida, ao nos julgar antecipadamente, nós pagamos um ônus que nos impuseram, sem o direito ao contraditório, não só nos agride o pré-julgamento como tolhem-nos um direito constitucional. E pôr falar em princípios...Remeto-me para outras esferas...Não sei se quero Esperar, Ser ou Ter...

Sexo é água...


Sexo é água..
...Uma delícia quando se está com sede...:)

Amanhece


Um sol devasso vem lamber meus pés que despertam...Ele entra meio de mansinho pela janela aberta, num calorzinho gostoso se misturando ao que sobrou do sonho, percebo que estou acordando, não de todo alguma coisa ainda dorme...Devagarzinho vou apagando o sorriso que também sobrou indo figurar na dimensão estática, já que o dia me remete à sua dinâmica.Levanto-me e me dirijo meio sem vontade ao banheiro, onde uma água fresquinha vai acordar meu corpo e encher de vida meu dia.No espelho uma imagem de mim vazia, não me dá bom dia e descubro-me de mau humor. Coloco-me debaixo do chuveiro onde minha alma também é lavada, não penso em nada e isso é como um bálsamo, já que penso o tempo todo.Ficaria ali por um bom tempo ainda, mas tenho que ir...Meus olhos agora despertos me fitam no espelho, reconheço-me, e isso é reconfortante, com um sorriso aprovo a imagem de mim pura e fresca, como se o tempo não tivesse passado e me saúdo com um sorriso mais largo.O relógio brinda-me com a vida rítmica e incessante, meu peito sobe num suspiro mal contido, minha sensualidade zomba de mim, os minutos passam...Terei que correr é a consciência mais imediata, que se sucede incontinenti ao pensamento, de que ninguém me espera...Nossa!... Ninguém me espera e ainda assim tenho que correr.Outro pensamento...Decerto alguém me espera, muito longe daqui...E mais outro, que corre veloz e nu, pelas cidades antigas e cheias de fantasmas, que não assustam, porque é dia...Uma nova lenda surge, não há temor, apenas uma vivacidade que contagia e extenua, o pensamento ri dos rostos que passam na alegria de sabê-los...

Cáos do abandono


Vou entrando e saindo dos meus aposentos, que também foram violados, tudo parece caótico e na bagunça vejo os fragmentos de amor e amizade, esfarelados...Procuro desesperada por ele, que é só uma desculpa para que eu aconteça, não o encontro...Parecia meu amigo, ajudava-me a colocar os tijolos da minha construção da vontade, nossa risada secreta, resplandecia cristalina nos cantos aonde íamos, deixávamos cair migalhas de sonhos, num terreno hóspito, só nós dois, e para que não nos perdêssemos um do outro...Eis que as margaridas floresciam...Agora...Corro ao meu coração, parte também desabitada, porta escancarada, este também não fora poupado,nada restou, exceto uma letra caída, uma letra que não escreveu nossa história, nem colocou um final feliz.Mas não foram em vão os dias que antecederam à invasão catastrófica, meu rosto apesar de atônito, demonstra um contentamento antecipado que estigmatizou meu sorriso amarelo, emoldurando uma bandeira que possibilita a entrada franca pro show da vida que continua...O que me resta fazer? De novo a insistente visita, inquisitiva...Despeço-a sem atendê-la, afinal não se tem resposta pra tudo...Livre dela , lembro dele...Com uma saudade salgada na boca, ele era tão doce, tão lindo, quase foi meu...Nem o nome tantas vezes repetido ecoa agora...Que silêncio chato nenhum assovio...Parecia meu amigo.

Visita




O que fazer? ������ uma pergunta ass������dua, como uma visita sem convite e recebida sem cortesia, e por n������o lhe dar resposta ela permanece, n������o obstante os maus tratos, ela senta-se impertinente...J������ n������o sei mais o que sinto, parecia que tudo se esclarecia na boca que se encontrava, na m������o que se tocava, e quanto mais se buscavam, se perdiam, boca, m������o, perdidas, algo aconteceu sem d������vida, n������o ouso pensar, mas pensando j������ ouso, j������ que fazer do meu pensamento o dele, como se fora a dona da verdade ������ pura ousadia, mesmo porque, provavelmente, ignoro-o, al������m da clem������ncia de poder contar com a "maquininha "que predisp������e ao engano.Ent������o o que fa������o? Eis novamente outra visita com sua ladainha, dessa vez lhe ofere������o um ch������ de cadeira, por gentileza, apenas, quem sabe se aquieta, e eu descubra a verdade...N������o tenho respostas para atend������-la.

Insone


É madrugada, tudo em mim quer dormir, inclusive ele que está em meu pensamento em constante movimento, e é locatário de mim.Os olhos pesam, ardem, as pernas não me levam a lugar algum, a boca cala, e meu pensamento dá ordem de despejo a tão amada presença, ainda assim não consigo dormir.Meu corpo está inquieto, pede "aconchego", tento acalmá-lo, levemente penso "naquela cidade", apenas de leve, para não despertá-lo ainda mais, contudo não tem jeito, minhas mãos induzem meu raciocínio e por isso escrevo, ou o raciocínio induziu a mão que escreve...Sei lá,algo em mim dorme...Quando falo "naquela cidade", eu falo dele, aprendi a chama-lo assim, pois é confortante retornar ao que antes fora, e, ele me abrigará, conheço suas ruas, e com pés nus, pisarei nos mesmos passos, ele é um postal e me acena, quer amar-me...Ele está pronto, eu sinto, e isso me motiva, mas não é tudo, talvez eu não esteja pronta, mas tento imaginar-me de volta à cidade de todas as luzes que entusiasma, mas aqui onde antecedo a isto, vou apagando uma a uma, assemelhando-o ao "outro", num desacerto que acelera meu coração, brinca com meus sentidos me embriaga e atordoa.

Busca


Olho para mim e nada em mim fala de amor, apesar do momento que estou vivendo.O corpo finge não perceber o desejo que se insinua, se escondendo através de um aparente desleixo, a flacidez enrubesce a mulher desperta, enquanto uma boca viva, de possíveis beijos, se apodera do carmim da maliciosa menina, tudo isso figura no corpo devassável.Nem assim, vindo do jeito manso de novo tão peculiar, me desnudará, pois preciso antes encontrar a mulher que perdi, sendo de novo daquele homem que deixei atras.Não por aquele, nem por mim, mas por este outro e todas as mulheres que abrigou, talvez a cor verde se mascare aqui de posse, ou o rubro do pudor revista a tez tão branca e pálida por se saber esquecida.Tudo isso para que não suceda a perda quando do retorno à nossas vidas,por isso não falo de amor ...

Céu e Ciranda...


Já não tô aqui...Dirijo-me pra uma dimensão que me embriaga e entorpece... É como se eu não sentisse, mas estremeço..."Aquela voz", me convida pra segui-lo, é a música que entranha, e todo meu ser dança...Agora sou ela, não importando qual seja, e todas brincam em mim num riso que estampa flores...A "amarelinha" me leva ao céu e ao inferno, a saia rodopia enquanto a casca da banana decide meu destino...Todas as pernas se abrem em rodopio enquanto as mãos se dão numa ciranda interminável...O sol, batendo em meu rosto torna-me mais viva, rubra e feliz...O tempo pura convenção pára, um século retrocede me garantindo uma vida ao avesso, creio que fui, quando ainda sou, perene...Emudeço me aquieto no conforto de poder "voltar"...Mas mesmo assim, nenhuma justificativa apraz...Pego o giz, tão lento quanto mecanicamente...Reavivo os rabiscos no chão, numa ação automatizada, seguiria eu, esses mesmos passos?...Estaria eu preparada? Nem ouso esperar a resposta...Surpreendo-me rindo cristalino, e pulo de casa em casa, Céu, Inferno...A saia rodopia, a cabeça rodopia...Em nada penso...Que conforto!!!

Abandono de mim


Aqui estou, debruçada na minha janela, bebendo os transeuntes com toda sofreguidão, tentando reter qualquer resquício que puder mostrar o rastro "daquele rosto".As cores desfilam, e meus olhos atentos ao verde de uma esperança vã...Lá fora, Joãos e Marias, rostos sem viço, no correr infinito em busca do que acreditam ter restado dos sonhos...Numa laje fria, de um branco azulejo, jaz uma expectativa...Não há lamento, sequer dor, apenas a constatação latente nestes rostos...Volto-me pra dentro de mim, remetendo-me aquele frio...Onde andaria meu guardião?... Meus braços que me abraçaram numa noite infinita, meus olhos que me beberam, que me acenderem e prevaleceram por tantos meses? Anos...Onde estão aquelas mãos que me lambuzaram de graxa, numa tinta que estigmatizou meu gozo, tatuando dragões e escorpiões, nos dois lados de uma balança, que não tendiam a lado algum, mas salpicavam estrelas negras em meu ventre nu, me levando às nuvens, numa viagem que eu não queria voltar...Vou dando um matiz improvável na escuridão desta espera, tingindo minha cara de uma ironia que contradiz o meu rosto...E aquelas mãos que me atormentam, mãos que crescem que tomam contam, mãos que impõe o abandono...

Lótus


Andei pra muito distante de mim...Agora é chegada a hora de retornar, depois de uma longa viagem, destituída de bagagem, vou me apoderando daquilo que já foi meu um dia...Meu coração reconhece as falas, os gestos, e aquele burburinho da vida que pulsa, transmitindo-me a consciência deste retorno. Partes minhas há pouco inusitadas, retomam suas funções, um tanto desarmoniosas e ávidas...As margaridas provavelmente desabrocham nos campos, num rítmico bem querer...Há certa estranheza, depois de tão árido chão, mas lentamente, de modo gradativo e constante, eis que surjo também, florindo, me permitindo...Foi necessário que nesse meio tempo "resolvesse" soterrar um sonho, foi difícil, mas imprescindível para que eu surgisse...Provavelmente estaria apaixonada, mas estou perplexa, e a estagnação inibe um raciocínio lógico.Enquanto não busco convencer-me disso ou daquilo, liberto-me através da minha mão frenética, que redescobre também o quanto pode ser ágil, delineando meus sonhos, dando de modo não menos frenético todas as cartas que ainda me restam, tudo tá muito ávido, sequioso do líquido precioso: AMOR.

Noite quente


O suor banha meu corpo todo lembrando da minha fragilidade..sou uma mulher em gotícolas que se espalha e se perde nessa noite quente!!!

Noel do Reggae


...e apenas uma olhadinha...volta as neuras...todas as neuras de uma vez como um monstro gordo de vermelho de enormes barbas brancas e brabas...que não deixam o velhinho ser bonzinho...e este, coloca os jovens dentro de uma caixa de papelão fincando a Lua bem longe do seu céu..esquece que o coração ainda prata ...jazz!!! não está mais no azulejo ... branqueia noutras bandas de reggae...flores, margaridas e muito açaí...sim, o açaí que adoça minha boca com gosto de "delícia!!"...

" Não importa que minha boca amargue e ninguem me queira..um minuto da vida que me deste e eu te devo alegria pela vida inteira!"

Um gosto de saudade...



Hoje é um dia gostoso de saudade...Sou brindada com um cinza claro desde a manhã, o céu calmo prenuncia uma chuva leve de primavera, com a ponta da língua sonho colher do céu uma gotinha doce, língua frívola que se descobre tímida num beijo roubado.Tudo em mim vira criança, e me vejo num cenário propício para escrever aquela historia.Penso que não preciso de um homem que me dê tudo que ele pensa achar que "preciso", mas de um homem...Que assim como eu se permita.Nesta história que cria ares de "H", é meio divertido, ver personagens de uma vida mesclar-se com heróis de gibis...Já não é meu mundo, visto que "nossos mundos" fundem-se, quando falo em mim, descubro-o nas entrelinhas, se falo nele, me reconheço em traços indeléveis...Coloco-me daqui de modo que viro expectadora, pois é mais seguro, se eu entro em cena, porque faz parte do roteiro, torno-me inexperiente e rubra, como se tudo fora muito novo e na verdade é.Falta-me nas mãos a sensação do TER, Ele me escapa no plano físico, tanto mais o retenho no meu mundinho imaginário, até o beijo, o abraço, tudo é muito surreal, chego a duvidar que já tenham ocorrido... Sinto a ausência do abraço maior que o trará pro meu âmbito terra.Se parece irreal, o mesmo, justifica-se no desejo desperto que retumbe em mim, desejo infantil, como se eu não fora mulher, mas ainda menina.Houve um momento quando "despertei", que balbuciei em voz alta o seu nome, não sei quanto tempo fiquei ali, era morno, aconchegante esse amor solitário, foi quando todo o meu corpo gritou seu nome, exceto minha boca, esta, calava-se em êxtase, enquanto por dentro eu chorava plena.